Dia histórico na Argentina: Deputados aprovam legalização do aborto
(Foto: Letícia Viola) |
Em uma sessão hitórica, a Câmara de Deputados da Argentina aprovou nesta quinta-feira (14) a lei que descriminaliza o aborto até a 14ª semana de gestação. O placar foi de 129 votos a favor e 125 contrários. A votação foi comemorada por mulheres nas províncias do país vizinho que fizeram vigílias na expectativa pelo resultado sob uma temperatura de apenas 4 graus. O texto será encaminhado ao Senado. Em caso de nova vitória será sancionado pelo presidente Maurício Macri, que se manifestou afirmando que respeitará a decisão das duas casas.
As discussões na Câmara dos Deputados se arrastaram por 22 horas, desde a manhã de quarta. As 9h41 a vitória do sim foi anunciada e os gritos de “Aborto legal no hospital” ecoaram no plenário.
O projeto estava na casa legislativa argentina desde 1983, mas não encontrava número de parlamentares suficientes para levar o tema ao plenário. Este ano, sob forte crise econômica, os deputados decidiram finalmente pelo debate que dividiu a sociedade. A ponto de um cordão de isolamento ter sido montado para dividir favoráveis e contrário ao direito da mulher interromper a gravidez.
A colunista da Fórum, Ana Prestes, contou, nesta quarta-feira, como estavam os ânimos de argentinas e argentinos. A campanha pró-direito ao aborto levava a cor verde, que foi decidida em um encontro de mulheres há mais de 10 anos, em 2003, quando elas chegaram à conclusão de que o verde não era apropriado por nenhum partido político e que tinha muita força. Ocupações de escolas fazem parte das mobilizações de estudantes feministas. São várias escolas e universidades “tomadas” pelas estudantes. Mais de 30 mil assinaram um manifesto pró-direito ao aborto. A ministra da educação, Soledad Acuña, se pronunciou irritada sobre as estudantes: “eso del aborto no es cosa de ellas”.
Momentos antes da votação que deu vitória do direito ao aborto, a deputada Silvia Lospennato fez um discurso emocionado. “Este é o século do direito das mulheres. Cedo ou tarde as jovens que seguram os lenços verdes vão conquistar o que podem. Tiremos o aborto da clandestinidade. Unidas em nossas diferenças, que o aborto seja lei”.
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