Dólar fecha a R$ 3,70, maior valor desde março de 2016
Os investidores ignoraram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação aos juros e continuaram a pressionar o dólar para cima. A moeda americana encerros os negócios a R$ 3,70, o maior valor desde 16 de março de 2016 (R$ 3,739). Já o Ibovespa, principal índice de ações local, afundou 3,37%, aos 83.621 pontos, com o desempenho negativo da Petrobras e dos bancos.
Na máxima, a moeda americana chegou a ser negociada a R$ 3,712. Na avaliação de Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio, o Copom, ao decidir pela manutenção, indicou que está atento ao patamar do dólar, o que influenciou a queda na abertura dos negócios. No entanto, dado o cenário externo, a pressão de alta prevaleceu.
- É muito cedo para dizer que o dólar aqui mudou de tendência. Para que isso aconteça, o exterior tem que ajudar, asssim como nosso cenário eleitoral, que segue turvo - avaliou.
O mercado esperava um corte da Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,25%. No entanto, o Copom decidiu manter em 6,5% ao ano. Com isso, fica igual o iferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos o que, em tese, minimiza a perda de atratividade de investir no Brasil em um momento de alta de juros no mercado americano.
No exterior, a pressão vem da expectativa da alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o bc americano). Os títulos do Tesouro americano, as treasuries, voltam a subir. O rendimento desses papéis de dez anos passou dos 3,10% ao ano, valorização que ocorre como consequência dos dados mais fortes da economia americana. O "dollar index", que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, tinha leve alta de 0,10% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil.
PETROBRAS DERRETE
No mercado acionário, as principais ações operaram em queda. Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora, explica que essa desvalorização foi justificada pela reunião de ontem, do Copom, que manteve os juros enquanto o mercado apostava em um corte de 0,25 ponto percenual.
- O mercado está se ajustando. Temos quedas fortes no setor de serviços financeiros, comércio e varejo, que são influenciados pelo custo do crédito - disse.
Os bancos, de maior peso no índice, tiveram recuos signficativos. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuaram, respectivamente, 5,23% e 4,15%. No caso do Banco do Brasil, a desvalorização foi de 4,64%.
Os papéis da Via Varejo também tiveram um tombo forte, de 5,49%.
Menos atrelado aos juros, as ações da Petrobas também tiveram um forte recuo, mesmo com a alta do preço do petróleo. O tipo Brent se aproximou dos US$ 80, maior patamar em cerca de quatro anos. O barril era negociado a US$ 79,48, uma alta de 0,25% perto do horário de encerramento dos negócios no Brasil. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal caíram 5,25%, cotadas a R$ 25,95, e as ordinárias recuaram 4,48%, a R$ 30,21.
Os investidores esperavam para hoje a decisão em relação à cessão onerosa da estatal, pelo qual a empresa adquiriu o direito de explorar cinco bilhões de barris de petróleo da camada pré-sal. No entanto, o acordo deve ficar para a semana que vem.
- O Ibovespa perdeu ainda mais força com a piora das bolsas americanas, no período da tarde. No Brasil, a queda foi puxada pela Petrobras, já que a decisão sobre a cessão onerosa não saiu - disse Rafael Passos, analista da Guide Investimentos.
No caso da Vale, o tombo foi de 0,93%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones caiu 0,22% e o S&P 500 teve pequena variação negativa de 0,09%. As declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre o comércio com a China tiveram impacto negativo nos negócios.
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